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No Chão d'Água...

Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido? (Álvaro de Campos)

No Chão d'Água...

Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido? (Álvaro de Campos)

02.01.14

Do alto da minha janela


  do alto da minha janela aberta à noite, ao luar e ao longe vejo o que vejo e o que almejo.   as casas caladas, que ficam do outro lado da rua, os carros, que correm atrás dos sonhos dos condutores acelerados, as árvores, nuas de ninhos e prenhes de pássaros imberbes, os cães vadios rosnando a fome junto aos caixotes do lixo, os gatos no cio miando desejos, com olhos de (...)
25.02.12

Apetites


     Apetecem-me beijos macios Copos de água fresca Romãs acabadas de apanhar Uma chuvada em pleno verão E um sopro de ar que sacuda a poeira Dos dias inquietos.   Apetece-me uma brisa de maré cheia, Um voo de andorinha que poisa no beiral Da casa de todos os meus sonhos, Um som distante que me lembre um rancho De gente dobrada sobre a terra A apanhar figos ou azeitonas, Uma gargalhada lisa com botões No cós da alegria.   Apetece-me a noite prenhe de luar E uma coruja (...)
22.06.11

Homem e poeta


Sonhador (imagem obtida no Google)   De quando em vez remo Contra a aragem sangrenta dos tempos Tomando asas de condor A rasgar o horizonte e a esculpir Estátuas hermafroditas No centro rochoso das praças nuas.   Libo os néctares das estepes Que se erguem na orla das imagens Peregrinas que navegam as dores insolentes No limbo da amálgama dos dias Entre a embriaguez e a demência Matizada dos canteiros de açucenas.   Disfarço as rugas e as mazelas maquilhando De sorrisos a raiva e (...)
05.12.10

Quando te encontrarei em mim? (Alma...)


Tela de "Frank Lloyd Wright's" (imagem obtida na net)   Pesquisei onde suspeitei que estarias E até nos lugares onde nunca foste, Como se encontrar-te fosse uma promessa!   Nos filamentos do meu orgulho E nas saliências do meu abandono Inscrevi o teu nome a ferro e fogo…   Perguntei por ti a quem passava, Afixei anúncios em letra desenhada, Gritei nas ruas, sob cada arcada…   Inquiri o vento pelas madrugadas, Com voz furiosa castiguei o silêncio E até às nuvens mandei recado!   Ansiei que chegasses ao nascer d’alva
17.09.10

Asas que tive


    As asas que eu tive, perdi, morri nelas e por elas desci aos infernos, subi às estrelas, cresci por tê-las, senti-las, vivê-las, e por fim perdê-las!   Que é feito delas? Eram tão belas, as asas que me içavam até ao infinito?!   by PC, em 17.Set.2010, pelas 16h00
12.08.10

Do sonho e do medo


  Escondo o medo no bolso da camisa Junto ao coração E ao deitar-me Deixo-o pendurado no espaldar da cadeira Para poder vigiá-lo de perto!   Mas adormeço refém do cansaço E o medo vem sem aviso E invade o meu sono solto No tropel de um pesadelo medonho Que me acorda para a noite…   De olhos semi-abertos, estremunhado Olho o céu estrelado de que me esquecera E com os olhos marejados Sento (...)
18.06.10

Quase sonho...


(Imagem obtida na internet)   Tornar-se o sonho! O próprio sonho vir a ser... Mais que fisico, carne ou pedra, ser chama, Labirinto de sentimentos e aventura, Lastro de mar em marés mais vivas que a dor, Mais funestas que a morte; Queda livre no infinito De onde só a palavra será capaz de ressuscitar A (...)
01.05.10

Navegar ainda


  Navego à descoberta do labirinto na cratera do sonho e cada pedra traz o espanto e a vontade de ir mais adiante até aos confins da realidade   palavras e ecos unem-se no mural da ousadia a desenhar o perfil dos caminhos e a estrada dos ventos que entroncam na memória   vagas e estrelas enxameiam o meu espaço transformando a terra em mar e o céu em desafio ainda que o olhar esmoreça e a esperança quebre   os algozes das trevas não morreram na derrota d (...)
03.03.10

TENTATIVA DE EXPLICAÇÃO DO COSMOS (ou uma breve analogia comigo mesmo)


  Quem me achar Perdido no mar das angústias Dos meus dias sonolentos Não se amedronte com o meu desapego Ou a minha covardia, Nem valorize a minha vaidade Ou a minha impaciência.   Sou assim tal e qual Estranho a mim mesmo Medroso dos meus medos Infantis E destemido da minha razão Incongruente Fácil de palavras Que devoro na modorra do silêncio Baço e unívoco Avesso à estridência da visibilidade Que inflama sem sustentação Para abandonar sem dó.   Sigo uma (...)