Vagarosa tarde
Vagarosa tarde,
quase noite,
porque vieste agora
acordar os meus olhos
vazios
para a luz preguiçosa?
Diabólica noite
de passos segredados,
que trazes, à solta,
nos cabelos de sombras
ou nos pingos inquietos
dum beiral incómodo?
Sonolenta aragem fria,
impiedosa invasora
das frinchas das casas
sem vivalma,
porque devassas a minha pele
tisnada do sol que foi?
Derradeira esquina,
que tropeças na avenida larga,
onde os candeeiros jorram
o caudaloso (...)