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No Chão d'Água...

Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido? (Álvaro de Campos)

No Chão d'Água...

Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido? (Álvaro de Campos)

26.11.09

Rei Sol


Framboesa magenta azul e lilás voragem cinzenta num voo fugaz   acorda-se o dia na aurora fulgente escondendo a fria noite pungente   cresce sibilino alcandorando-se altivo como arrogante inquilino do celeste cativo   derrama sem lei o que a lei não domina portentoso rei que tudo ilumina   e por milénios quedo mas avesso à clausura percorre em segredo o dia todo e a noite escura   e quando o (...)
17.10.09

Em nome da Terra


  Bato às portas e pergunto: até quando? E o grito que ecoa nos cantos diz-me de volta: não sei!   Vou pela ruas, triste e andrajoso, e pergunto a quem passa: até quando? E em coro respondem: não sei!   Olho ao redor e enfrentando o horizonte, questiono o silêncio e a sombra calada, que, sempre seguindo os passos que dou, jamais me responde.   E a pergunta rotunda, prenhe e repetida, ancorada nas praças, lançada nas ruas, esvoaça pairando sobre as (...)
08.10.09

Primavera


  Telúrica a vontade crispa-se na rudeza das horas e adormece ante o indício da espera. Os abismos da dor entrelaçam a esperança num abraço singular mortífero. Paira nas ressonâncias do sonho-pensamento-ideia a incerteza do amanhã, desenhado agora como esquisso ou aventesma.   Maremotos de raiva alagam as cercanias da consciência naufraga e cavalgando o Adamastor do sombrio horizonte o ponto cardeal, que é destino, perde-se na bruma amante de sereias (...)
01.07.09

Qual liberdade?


  Quando me apetece sonhar Sento-me no chão Para sentir pulsar a terra E adivinho o fervilhar dos formigueiros Na azáfama de garantir o futuro.   Levanto voo nas asas duma rola brava E poiso saltitando com um pardal inquieto Numa roseira brava da beira do caminho. Ensaio a medida da distância que vai Do meu lugar ao ponto mais distante Do horizonte E preencho o tempo lançando beijos A todos os insectos que passam por mim Indiferentes ao meu desvario.   As plantas ao redor nascem, (...)