Não restam senão murmúrios, Palavras decepadas de ecos e ressonâncias, Beijos vazios da solidez dos encantos E olhares distantes que não enxergam Os vultos que se derramam Em adormecimentos de desejo. Não há tímpanos onde se unam os silêncios Depois de mais um abraço, Nem braços que aguardem a ocasião Em que os corpos se confundiam, Para dar cor às sombras inquietas, Que se aninhavam para aninhar Os que buscavam dar-se as mãos e sorrir. Doces e amargas as lágrimas secaram Deix (...)
Pai e filho (fonte: Google) Ontem, tinhas o olhar de ver muito além E levavas pela mão este, que era quase ninguém; Sorrias o teu sorriso de encantar E achavas estórias de sonho na chuva e no luar; Pintavas de sonoros azuis e verdes o amanhã E nada retardava a passada desse teu afã; Tomavas as dores como um alento ou elixir E dizias, por gestos únicos, o amanhã, o porvir! Ontem, havia pirilampos num arrebol de alfazemas, Nas noites quentes dum estio de cansaço e dilemas; (...)
Violácea memória
fermento de sorrisos...
Quando os olhos buscam
no plasma celeste
a vagarosa melopeia
duma canção de ninar
é tempo de maré vasa
para os lados da lua nova...
Vagalumes cirandam
de cá para lá no frenesim
da inocência...
e um tostão nasce
na travessura dum sonho
tornado real!
Regressaremos ainda
à ternura dum serão
pleno de castelos e castelãs,
de duendes e lobisomens,
de encantos e encantamentos,
ou morreremos virgens
Para aqueles que são a razão de estar aqui!
Não vos sinto as dores,
nem vos oiço os queixumes,
nem conheço os vossos sonhos adiados,
nem sei dos vossos medos,
nem adivinho a grandeza das vossas solidões,
nem pressinto o fervor da vossa fé,
ou a grandeza dos vossos projectos,
ou a temerária audácia dos vossos futuros
de gente de mãos calejadas,
de pernas doridas e prestes a ceder,
de corações quase extintos, abafados,
dos vossos olhares nublados,
dos (...)
Nas lodosas manhãs
Acordo da clausura
Da diáspora
E lanço âncora
Ao rés da maré vasa,
Quando a lua se despede
Com um beijo
E o sol se ergue
Majestoso
Nos escaparates do oriente.
Vagueio entre mudo e nu
Ao encontro das palavras
Estremunhadas e famintas
E descubro na água corrente
Temperada do duche matinal
As fragrâncias aferrolhadas
Dos campos que já não são,
Dos tempos que já foram,
Da vida que passou por aqui
E deixou marcas e marcos
Que dividem em talhões
E parcelas
(...)
Cavalos aládos Entram sem aviso, Relincham nos meus sentidos Murmúrios de espavento E atapetam de cores garridas Os prados da minha Memória. Beijos que demos Em cantos escondidos, Sofridos de tão doces, Amargos de tão intensos, Crescem espontâneos Aos olhos mortiços da minha alma, No clic intemporal Da recordação! Sinto-me lá Presente e ledo A esperar por ti… Bate que (...)