"Guernica", de Pablo Picasso (imagem retirada da internet) Sempre que busco o essencial, descubro o acessório e o secundário E rendo-me à sofrivel incapacidade de ir mais fundo e mais longe Na descoberta do sonho ou do remédio que cure a teimosia exausta Que continua a lançar-me para diante ainda que resignado À certeza de que a chegada se fará dolorosa e a estrada será longa. Dias (...)
Vinde vós os que calais as mãos calejadas
e tropeçais nas palavras a esconder razão
e com olhares pequenos alcançais o sonho
de escalar a dor e a imensidão
Vinde e desafiai o vasto e o longe
quietas silhuetas que o luar descobre
cavai as distâncias em passos de febre
veredas sinuosas onde o suor é nobre
aviltadas figuras de tantos silêncios
rostos de granito sem alma nem deus
frios corpos onde o sangue coalha
cravai a revolta na ponta da espada
esconjura (...)
Tenho-te no pranto
dos meus olhos-mar,
na solidão serena
das minhas mãos-âncora,
na luz rebelde, quente,
dos meus olhos-sol,
na loucura toda
do meu corpo-chão
e o quase nada que sei
de ti
aprendi nos trilhos amargos
dos dias breves,
na insolência repetida
das questões por responder,
no refúgio escancarado
das palavras que semeio,
a tentar, a repetir, a insistir
na sementeira do amor.
E o que não conseguir
deixarei ainda
no rasto indelével dos meus (...)