Não há gritos nem silêncios Suspensos dos meus olhos de acreditar Há palavras maduras que se esgotam Pingo a pingo Na paulatina espera das auroras futuras Quais caixas de Pandora que se abrirão ao amanhecer De um qualquer dia sem história Para recriar, no cadinho das memórias que guardo, O tempo e o espaço que me constitui. As pedras e o barro de que sou feito, Numa estrutura de artesão que se auto modelou São a argamassa dos sonhos que confluem Para me incendiar de (...)
Fonte: Google A ressonância vocifera no meu peito! Grito o tempo e o modo Expludo Alcanço longe a distância e o eco Desfaz-se na vastidão Aluvião de cheia que se espraia, Cambraia Que adorna o corpo nu… Onde vou levo a mensagem… O labéu me acompanha! Tamanha é a dor Que no estertor da hora finita Aquele que grita Não grita Recita o hino dos que nada podem E explodem Na vã glória de serem, um dia, Manhã clara, lusco-fusco, magia E um pouco mais que nada. A fada (...)
O lugar (fonte: Google) Tão pouco sei E o que sei é tanto Que, no desencanto De viver, Nas horas aturdidas Me encanto Por sentir que sei Da vida mil vidas E do tempo o quanto Me basta saber. E se outro tanto soubesse Nada saberia De mais! Só me entristece A alegria Dos que vivem brutais Redondos e sincréticos Num casulo de casmurrice A desenhar a mesmice Dos heréticos. Sobe o sol no alto azul E sucessivamente assim Rola a vida, o tempo, a lei… Olho a norte, rodo a sul E (...)
Quem me achar
Perdido no mar das angústias
Dos meus dias sonolentos
Não se amedronte com o meu desapego
Ou a minha covardia,
Nem valorize a minha vaidade
Ou a minha impaciência.
Sou assim tal e qual
Estranho a mim mesmo
Medroso dos meus medos
Infantis
E destemido da minha razão
Incongruente
Fácil de palavras
Que devoro na modorra do silêncio
Baço e unívoco
Avesso à estridência da visibilidade
Que inflama sem sustentação
Para abandonar sem dó.
Sigo uma (...)
A vagarosa luz
penetra a sombra
fecundando a penumbra
macilenta
a gélida chuva
irrompe intrépida
violando o silêncio
da terra prostrada
o vento suão
esventra as casas
aferrolhadas
e submete o espaço
a noite alastra
dominadora
acicatando os medos
que escravizam
o mar investe
marulhando
no areal exposto
em poisio
De olhos em riste
aponto algures
um ponto improvável
onde se cruzam
A lembrança das horas
esconde-se com o por-do-sol,
mergulha nas águas agitadas
do mar da maré vasa,
adormece no colo do luar,
a escutar o pio sombrio
duma coruja inerte,
na torre sineira duma igreja
que já não é.
É no labirinto do vazio
que me acolho
a contemplar a sombra
que me persegue
persistente.
E rio de mim
um riso limpo
para me sentir outro.
E a sombra ri
o meu próprio riso!
by (...)
Banho-me no silêncio do teu olhar
Entre a distância do desejo
E a sofreguidão da pele latejante
Antevendo o momento
E sentindo a angústia
Do tempo que se escoa lento.
Do arquivo da memória
Surgem imagens peregrinas
Que desfilam em catadupa
Até se tornarem vivas
No peito que as sente
E no olhar que as vislumbra.
Só de ti nada sei!
Nem o onde, o como, ou o porquê...
E o que me resta obriga-me
À espera
Mirrando, calado, da saudade
Que já não sei esconder. (...)