(Imagem obtida na internet)
Tornar-se o sonho! O próprio sonho vir a ser...
Mais que fisico, carne ou pedra, ser chama,
Labirinto de sentimentos e aventura,
Lastro de mar em marés mais vivas que a dor,
Mais funestas que a morte;
Queda livre no infinito
De onde só a palavra será capaz de ressuscitar
A alma, pela força de um verso...
Devagar...
Medindo o tempo pela ampulheta
Dos sorrisos, dos abraços, dos beijos lançados
Com a palma da mão
Onde lemos o futuro!
Coligindo das horas todos os raios solares,
Todos os pingos de chuva fria,
Todos os frémitos revoltos da aragem indomada,
Dum vento que cavalga o dorso das estações
Com a mesma volúpia com que se enamora
Das ondas
Para deixá-las prostradas e rendidas
Na orla da praia,
Semi-cobertas, desnudas, entre os novelos da espuma,
Dossel de seda e cambraia!
Lábios que sabem prometer a eternidade
Lançam poemas na força centrífuga do éter!
Braços que sabem estreitar o medo
Dominam o tempo que há-de ser!
by Paulo César, em 18.Jun.2010, pelas 21h30
Pelas praças largas
deambulam os olhares
vazios
de gente ausente
e dos beirais suspensos
caiem gotas de chuva
lavada
tal como o suor pelas faces
dos atletas.
Um barco vai
arroteando as águas
como charrua na terra mansa
e, em coro,
um magote de crianças
lança um estribilho feliz
como se anunciasse a taluda.
Ruas perdidas levam ao silêncio
e um raio de sol perfura
a carcomida vidraça
por onde uma velha espreita quem passa
fechada sobre a sua mudez.
Há beijos em lábios carmim
e sorrisos em olhos extasiados.
A lua cheia pendura-se sem pudor
por cima da janela vazia
e quando a chuva pára de cair
nos beirais suspensos,
as praças abrem os braços
e espreguiçam o tédio.
Só o barco teima lavrar as águas
enquanto os putos adormecem
um sono tranquilo
que os ajuda a crescer
como se o futuro fosse já
e nada mais valesse a pena.
Em 26.Mar.2010, pelas 15h15
PC
Mas hoje nem riso, nem pranto
Que o dia é dia de Sol
Viver mais um dia, que espanto!
Sou feliz! No milheiral, girassol.
Excerto do poema “Não trago comigo não”, de Natália Nuno
De olhos no sol invento o futuro
que de longe me chama com sua voz mansa
e de quanto passou, luminoso ou escuro,
já só tenho a saudade, só me resta a lembrança!
Queria, ah como eu queria tanto,
ser pardal, andorinha, estorninho ou rola
para voar e voar, e não temer parecer tola...
Mas hoje, agora, nem riso, nem pranto!
Vou teimosamente e em contradição
afirmando ser o que nego ser,
sabendo que sou assim, ou talvez não,
destemida no medo de me achar ou perder.
Saio para o mundo e grito calada
em palavras sedentas, que são isco e anzol,
e tudo o que grito é tanto e quase nada...
Que este dia de hoje é dia de Sol!
Continuo viva desta vida que faz
mais curto o tempo que ainda me resta
mas, por ser assim dual, sou incapaz
de negar a saudade e recusar a festa!
Já quase descreio da fé que acalento
e tomo o silêncio, denso, como manto,
a desejar o rumor que é meu alimento...
Para viver mais um dia, que espanto!
Ser poeta é ser assim? É ser doutro modo?
É sentir a dor que ainda não chegou
pressentindo a parte e vivendo o todo?
Ou será esquecer tudo o que passou
para morrer na clausura do próprio ego
inventando a ternura e a paz, como farol,
que lançamos ao mundo de modo cego?
Sou feliz! No milheiral sou girassol.
by Paulo César, em 02.Nov.2009, pelas 18h45
Para a Natália, com amizade e carinho.
Bato às portas e pergunto:
até quando?
E o grito que ecoa nos cantos
diz-me de volta:
não sei!
Vou pela ruas, triste e andrajoso,
e pergunto a quem passa:
até quando?
E em coro respondem:
não sei!
Olho ao redor e enfrentando o horizonte,
questiono o silêncio
e a sombra calada,
que, sempre seguindo os passos que dou,
jamais me responde.
E a pergunta rotunda,
prenhe e repetida,
ancorada nas praças,
lançada nas ruas,
esvoaça pairando sobre as multidões
e como agoiro alastra
a incendiar temores:
até quando?
E quando a noite irrompe
a tomar seu espaço
e assenta arraiais sem pedir licença
por dentro das casas
cresce um alvoroço
de olhares severos em corpos de espanto,
quando o grito mudo
se solta expontâneo
das bocas fechadas:
até quando?
E o silêncio que fica depois da questão
é um grito estridente nas veias
a pedir resposta:
até quando?
by Paulo César, em 17.Out.2009, pelas 17h45
que ainda me enche o olhar,
ante uma rajada de vento forte,
talvez seja o rugir da morte
arrastando os passos pesados
sei que de nada valerá rogar,
Olharei altivo a negra Tânatos
e tomando a estrada do infinito
a convocar o sonho que não finda.
Que, morto o corpo, o homem sobra
do seu carácter e da firmeza
da vertical tecitura da sua obra!
by Paulo César, em 04.AGO.2009, pelas 19h30
e na prenhez do mar absorto,
espreguiçando-se no areal,
Retomaremos a busca de Prestes João?
embalados no ronronar das ondas,
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