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No Chão d'Água...

Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido? (Álvaro de Campos)

No Chão d'Água...

Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido? (Álvaro de Campos)

04.07.23

INUTILIDADES


Escorre pelas minhas mãos o líquido dos teus olhares vagarosos, as dores do tempo das tuas regras, o vazio das palavras que escreves em blocos de notas à espera que alguém as leia. Escorrem dos meus lábios beijos que não conheces, sorrisos que não identificas, gritos de silêncio que nunca ouvirás ainda que te afadigues na escuta. À noite, a liquidez coada das almas transformam os encontros em inutilidades e por cada gota de saliva que sorves da minha boca dá-se a osmose da (...)
25.02.12

Apetites


     Apetecem-me beijos macios Copos de água fresca Romãs acabadas de apanhar Uma chuvada em pleno verão E um sopro de ar que sacuda a poeira Dos dias inquietos.   Apetece-me uma brisa de maré cheia, Um voo de andorinha que poisa no beiral Da casa de todos os meus sonhos, Um som distante que me lembre um rancho De gente dobrada sobre a terra A apanhar figos ou azeitonas, Uma gargalhada lisa com botões No cós da alegria.   Apetece-me a noite prenhe de luar E uma coruja (...)
13.12.10

Versejando - Texto III


  Mais que o beijo O desejo… A pele unida, colada, O sangue quente… Olhos que se olham E vêem para além da íris A febre, Para além da pele O sexo, Para além de nós O amor!   Mais que o desejo, O silêncio que vem Depois!   by PC, em 08.Set.2010
29.07.09

No teu colo


No teu colo,  Baía de serenidade,  Anestesio a alma  E embalo o sonho  Que me leva às terras  Do amanhecer  Onde as fragrâncias têm nomes  Fartos e belos  Como o campo lavrado  Dos teus cabelos.   Adormeço sobre o manto Suave do teu olhar  E quando acordo  O sol espraia-se  Como o teu corpo no meu  Quando os beijos sabem  A nu  E a pele se constrange  Na premência do toque. E (...)
01.07.08

Augúrio


    Quando no vagar das horas intemporais Acordar em mim a vontade de ir mais além Deixem que eu seja diferente e porém Um homem igual entre os meus iguais.   Não me coloquem abissais Obstáculos que me impeçam de ser quem Eu quero, nem me levem, entre o mal e o bem, A fazer escolhas colossais.   Meu coração saberá ser o juiz Dessa causa de dúvida e tormento Sem arroubos de sábio ou o espavento   (...)
17.02.07

Desejo de morte


Quando a morte vier que venha devagar, silenciosa, insinuante, na força duma bala, no gume duma faca, no nó duma corda, no estrondo de uma queda, numa sincope indolor, ou como quer que seja... Quando a morte vier que eu esteja preparado para a receber e com ela beber um copo, trocar uma conversa amena, dançar uma valsa lenta ou um tango fugaz. Quando a morte vier que seja dia, sol vivo e a pino, (...)