A morte verdadeira
Escrevo agora para que nunca se perca
esta memória que se arrasta comigo:
- o tempo escorre liquefeito,
fechando portas libertando o perigo
que me há-de levar ao ponto sem retorno
onde me entregarei vencido em abandono
sem saber quem fui, quem sou ou serei,
oh rei dum castelo, sem coroa, nem trono.
Se tanto ousar e a tanto me expuser,
quero ser ainda imagem e textura
do que a vida fez de mim e ate morrer
que eu saiba ser "água mole em pedra dura..."
Depois... Bem depois que eu seja infinito,
pedra ou grão de areia, tanto faz.
Mas que morto para a vida eu viva, acredito,
na terra da verdade, do amor e da paz.
Homem que se quiz homem
igual entre os seus iguais
pedaço de alma, ideia, sonho,
que nasceu comigo e deixo aos demais.
Acredte quem quiser ou souber ou puder.
Não será a morte que me há-de matar,
mas apenas o esquecimento de quem vier
depois de mim e me olvidar.
Em 17.Set.2017
PC