Gente sem vergonha!
A mentira saiu à rua
Num dia assim
E veio cruel e nua
Para qualquer fim...
Mostrou-se com despudor
E sem medo algum,
Como se o seu destemor
Fosse um dom comum.
Arreganhou os dentes
E mostrou as garras,
Mandou bocas indecentes
Tocou fanfarras.
Afirmou solene, a mentira,
E gritou estridente;
- Quem se queixa delira
E portanto mente!
Espezinhou o labor
de tantos e tantas...
Vilipendiou o vigor
de mãos e gargantas!
Não contente, alardeou
Sua mansidão,
Escondendo o lobo matreiro
Sob o gibão!
Abriu os braços pueris,
Como que a dizer:
- Vinde cordeiros servis,
Que vos vou comer!
Erigiu, no lugar da honra,
A pouca vergonha...
Destilou o fel e o ódio...
- Mortal peçonha!
Oh, Gente sem vergonha!
A propósito de uma notícia de jornal...
by Paulo César, em 19.Mar.2004, 09h00