Auto-dissecação
Não há gritos nem silêncios
Suspensos dos meus olhos de acreditar
Há palavras maduras que se esgotam
Pingo a pingo
Na paulatina espera das auroras futuras
Quais caixas de Pandora que se abrirão ao amanhecer
De um qualquer dia sem história
Para recriar, no cadinho das memórias que guardo,
O tempo e o espaço que me constitui.
As pedras e o barro de que sou feito,
Numa estrutura de artesão que se auto modelou
São a argamassa dos sonhos que confluem
Para me incendiar de vontades e desejos
Que o vento sopra e leva para longe.
Quem nunca sentiu a textura do barro
Nem se auto erigiu a partir das catacumbas,
Não reconhece as imagens ambivalentes que circundam
A minha alma e lhe dão cor e perfume.
Eu sou aquele que nunca foi
Maremoto ou calmaria.
Sou tão somente a irracional razão que me domina
E me arremessa contra as barreiras e os impossíveis
Em busca dos abismos onde ressoam as melodias
Que aromatizam de ternuras e gratidão
As montanhas do meu desassossego!
Situo-me entre o jamais e o nunca
Nas terras do desafio impossível!
Vinde os que acreditam!
Que aos cépticos eu saberei perdoar!
Em 15.abr.2012, pelas 15h00
PC