Ressonâncias da memória
Não restam senão murmúrios,
Palavras decepadas de ecos e ressonâncias,
Beijos vazios da solidez dos encantos
E olhares distantes que não enxergam
Os vultos que se derramam
Em adormecimentos de desejo.
Não há tímpanos onde se unam os silêncios
Depois de mais um abraço,
Nem braços que aguardem a ocasião
Em que os corpos se confundiam,
Para dar cor às sombras inquietas,
Que se aninhavam para aninhar
Os que buscavam dar-se as mãos e sorrir.
Doces e amargas as lágrimas secaram
Deixando marcas de escorrência
Para memória futura!
Em sossego o coração dispara, exulta,
Reganha a vontade de dizer presente,
Mas adormece no cansaço de saber-se exausto,
Qual vagabundo sem tecto, nem chão.
Um som seco e endurecido exclama a dor
E a raiva explode a mostrar o avesso
De todos os castigos e de todas as penas!
Quem foi que pôs veneno na aura dos sonhos
E rasgou com golpes de adaga fria e insana
A ampulheta por onde escorria o tempo
Assassinado sem dó na encruzilhada dos enganos?
Por fim a serenidade e a ternura, ainda o carinho,
Ainda a textura das vozes e os trejeitos dos gestos
E um pássaro que voa a cantarolar loas em trinados
Burilados na imensidão das saudades vagabundas
Acopladas a sonhos náufragos e sem destino.
Como é bela a lua redonda no céu infinito…
E como é bom não ter olhos de alcançar o impossível!
Vale saber que os pensamentos não se acorrentam
E os sentimentos não se podem lançar ao lixo!
E que há sempre um lugar de segredos no sótão de cada um!
Em 19.jan.2012, pelas 12h00
PC
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