Veneno!
Veneno!
Cicuta, estricnina, ódio,
Falsidade anquilosada, doentia,
Palavras com gumes de facas na dobra das sílabas,
Arame farpado nos silêncios, nas retiradas
Estratégicas,
Nas declarações pontiagudas, pardas,
Arrebatadas, sem fulgor nos olhares translúcidos,
Escaninho nos risos balofos,
Demente na solidez dos sins,
Atroz na sagacidade dos nãos,
Viril, ainda que boémio, fagueiro
Como gás de aurífera mortalha,
Praga que se roga, que afoga
Na maresia das soalheiras manhãs
As tardes de memória mentirosa.
Rosa choque, remoque,
Avidez de espantalho,
Líquido gozo que solidifica, coalho,
Albatroz de jejuns em danças sobre as vagas,
Rio de águas quase mar,
De sol quase luar,
De amanhã quase nunca,
Sagração da espelunca,
Adeus!
Junto a terra e o céu,
Rezo!
O sim e o não desprezo...
Nim é pedaço, quinhão e tudo;
Mudo, fico mudo!
Fez-me assim, quem em mim morreu!
Em 22.dez.2011, pelas 16h00
PC