Do sonho e do medo
Escondo o medo no bolso da camisa
Junto ao coração
E ao deitar-me
Deixo-o pendurado no espaldar da cadeira
Para poder vigiá-lo de perto!
Mas adormeço refém do cansaço
E o medo vem sem aviso
E invade o meu sono solto
No tropel de um pesadelo medonho
Que me acorda para a noite…
De olhos semi-abertos, estremunhado
Olho o céu estrelado de que me esquecera
E com os olhos marejados
Sento-me à janela, unido ao silêncio da noite,
A velar a imensidão do luzeiro…
E a mim mesmo agradeço pelo medo que guardei
No bolso da camisa
Pendurada no espaldar da cadeira
No meu quarto de dormir
E sonhar!
Nem sempre os pesadelos trazem o pavor
De fantasmas ou tragédias fantasiosas
Que o subconsciente projecta
No ecrã vulnerável do nosso ego racional…
Por vezes escancara todas as portas e janelas
Para a real beleza ofuscada
Pela subtil e ténue antepara
Que nos aparta e nos separa
Da vida integral que se derrama das estrelas.
Hoje corro, ando, converso, ralho,
Decido, choro, rio, adormeço,
Sonho e desperto
Com o olhar posto nas estrelas
Trazendo pela mão direita o medo
E pela mão esquerda o sonho.
A um peço conselhos
Ao outro atiro pedras
E de ambos recebo sem pedir
Palavras de incentivo e coragem:
E vou em frente
Seguindo o sonho
Apesar do medo!
by Paulo César, em 13.Mar.2010, pelas 22h45