Elegia para um quase sonho
Quase te amo ainda
Ó etérea figura,
Sombra vagarosa
Rumo ao cadafalso
Da paixão pusilânime;
Veemência que esmorece
No sonho impossível,
Na gigantesca miragem
Que me atira para o nunca!
Opacas as transparências
Ditam verdadeiras mentiras
E, na estridência da solidão
Medonha, vogam sonâmbulas
Palavras que perderam o fulgor,
Como se "nós" fosse um vocábulo
Anódino e estéril!
Já não há estrelas tardias
Nas noites de insónia!
Perdeu-se o destemor na orla
Dos anos! (Como o tempo é carrasco!)
Dos passos perdidos, em deambulações
codificadas, resta a memória!
E dos beijos, dos abraços, dos corpos
Febris, na voragem do climax,
Sobrou a sombra esbatida
Adornando os segredos indeléveis!
Clara é a centelha que se funde
Na viva saudade incrustada em nós!
E "nós" é ainda o vocábulo que caiu em desgraça
E nunca foi!
Mesmo quando o amanhã ainda se pressentia
Futuro!
by Paulo César, em 30:Mr.2009, pelas 21h00