Deixo-te o silêncio,
para que saibas ouvir o infinito.
Deixo-te o sorriso,
para que saibas inventar a alegria.
Deixo-te um abraço,
para que saibas sentir a ternura.
Deixo-te o olhar largo e vasto,
para que aprendas a ver além de ti.
Deixo-te palavras por escrever,
para que com elas construas pontes.
Deixo-te a mão aberta, nua,
para que com a sua ajuda subas mais alto.
Deixo-te o silêncio prenhe de burburinho,
para que com ele saibas ouvir o que tem valor.
Deixo-te as palavras que escrevi,
para que delas tires o que valer a pena.
Deixo-te o olhar vago de quem quiz ser único,
para que por ele saibas o tamanho da solidariedade.
Deixo-te as palavras que fui alinhando
para que por elas percebas quem fui.
Deixo-te o pouco e sem valor que escrevi,
para que possas amar as palavras
que constroiem o diálogo
e vencem o inconformismo.
Deixo-te em testamento letras dum alfabeto
sem alinhamento ou sequência,
porque é assim que a vida flui,
mesmo quando teimosamente a queremos
alinhada em fileiras de submissão.
Deixo-te o que fui, em tudo o que sou
e se nada tiver valor,
não te esqueças nunca
que te amei!
by Paulo César, em 17.Nov.08, pelas 20h00