Onde estão as minhas asas?

Onde estão as minhas asas
Asas de voar ao céu
De subir por sobre as casas
De tornar o mundo meu?
De aventureiro ir
Por sobre as ondas do mar
De subir, subir, subir…
E de desejar não voltar?
De por sobre a terra calma
Deambular em giraldinas
E encher o corpo e a alma
Desses campos de boninas?
De descer descontrolado
Entregando a vida à sorte
E por milagre sagrado
Sobreviver à negra morte?
Onde estão as minhas asas
Asas que o sonho me deu
E que usei vezes sem conta
Para fugir do mundo breu?
Oh asas que tanto bati,
Nesse bater sem parança,
Que é de vós, que vos perdi
Quando perdi a esperança?
Que é delas, asas de mim,
Que me levavam além
E me tornavam sem fim
Um homem, quas’anjo também.
Perdido neste abandono,
As asas já não sinto agora;
Caíram… Como folhas no Outono
O vento as levou embora.
Onde estão as minhas asas
Asas que o sonho me deu
Para voar sobre as casas
E com elas subir ao céu?
Perdi-as num dia louco
Quando a noite se insinuava
E a lua nova, pouco a pouco,
Sua auréola mostrava.
Perdendo as asas morri...
Morri por dentro no sonho
E quanto com elas vivi
É nos meus versos que ponho.
E digo adeus num aceno
Humano assim aos mais igual,
Que a vida é um veneno
Silencioso, pérfido, especial.
O prometido é devido... Este é para ti, Anabela!
26.Nov.2006 – 00h30