Hoje o tempo pesa mais...
Hoje o tempo pesa mais...
Magma de coisa nenhuma,
Denso de memórias e saudade.
Prenhe da vida que foi,
Escorre nos fiapos do cabelo,
Cãs albinas
Que a maresia matinal atira
Contra a muralha
No abandono da solidão,
Quando os olhos turvos agigantam
Uma lágrima teimosa
Que cava nas faces macilentas
Um carreiro de terra poeirenta
À beira dum canavial,
Que bordeja um ribeiro manso
E se perde no chão ávido
Da água que o estio sugou!
No pesado tempo de sonhar
Anda a memória à deriva
E o porto de abrigo fica
Entre os pontos cardeais
Dum azimute que só os filhos
Traçam!
by Paulo César, em 14.Out.2006, pelas 18h30