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No Chão d'Água...

Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido? (Álvaro de Campos)

No Chão d'Água...

Ah, quem escreverá a história do que poderia ter sido? (Álvaro de Campos)

06.03.10

A morte dos pássaros


  Sabes porque morrem os pássaros?   Porque na orla dos rios os nenúfares recusam espelhar-se nas águas correntes e os chorões se desnudam de sombra no pico da primavera quando o sol se apaixona pela paleta de cores dos campos verdes onde cresce o malmequer, a papoila e o azevém.   Morrem de tristeza pendurados no cimo de campanários calados na vã espera dum trinado que lhes aqueça a alma e os acorde para os dias claros do tempo do (...)
04.08.09

Premonição


  "Bem aventurados os puros de coração, Porque verão a face de Deus..."   (uma das nove Bem-Aventuranças do Sermão da Montanha) * * * * * * * * * * * * * * *   Se a luz pequenina, que ainda me enche o olhar, o coração e o horizonte, vacilar ante uma rajada de vento forte, talvez seja o rugir da morte arrastando os passos pesados de besta viperina. E porque o medo atroz me tolda o discernimento e me estrangula a voz para gritar por socorro, sei que (...)
03.08.09

Jogo de espelhos


  No plano, a imagem Desconstroi a imagem E mostra, olhos nos olhos, As rugas do tempo, Os sulcos do esforço, As cãs, como erupções De cansaço, De dor, De desespero lento, De ausência... A pele gretada, rugosa Como casca, É o mapa da vida Sinuosa Que transporta no âmago E que silencia para gritar Mais alto Quando já ninguém Quer ouvir. Os braços são ramos velhos, As pernas troncos ocos E a seiva, à míngua de respeito, Corre como se marchasse apenas (...)
17.02.07

Desejo de morte


Quando a morte vier que venha devagar, silenciosa, insinuante, na força duma bala, no gume duma faca, no nó duma corda, no estrondo de uma queda, numa sincope indolor, ou como quer que seja... Quando a morte vier que eu esteja preparado para a receber e com ela beber um copo, trocar uma conversa amena, dançar uma valsa lenta ou um tango fugaz. Quando a morte vier que seja dia, sol vivo e a pino, (...)