Arisco risco
No chão de névoa
A distância dos passos
Que nunca me trazem de volta…
Revolta é quanto me resta
Que por esta fresta
De luz e medo
Em segredo me resigno
A ser ainda
Eu!
Em 14.jan.2011, pelas 16h45
Quando o sol nasce vem nu,
Despido de preconceitos racistas,
Aquecer todos por igual
E espalha os seus raios a granel
Em todos os cantos escondidos…
Nos campos aloira os trigais,
Nas montanhas derrete a neve,
Nos bosques desperta as lagartixas,
Nos ribeiros espelha-se nas águas
E ri-se de mim quando lhe faço caretas!
À noitinha deixa-me com um adeus suave,
Manchado de cores de oiro e vinho doce
E vai dormir um sono largo nas paragens invisíveis do meu sonho
A (...)
Volúvel madrugada...
Presos no fio das horas
fiapos de luz acordam
cobrindo as planícies
do abandono,
onde o orvalho cristal
se dependura da folhagem,
reflectindo faúlhas de arco-íris.
Pássaros azuis,
sonolentos ainda,
arribam, distendem as asas,
ensaiam o primeiro voo
matinal
e lançam-se em direcção
ao sul.
Vagarosas as núvens,
cúmulos fantasmagóricos,
pinturas abstractas
suspensas e gratuitas,
fazem percurso
no sopro perpétuo
do vento.
(...)
A propósito do poema "Concretizar", de Maria Luisa Adães
O concreto é
pedaço de nada que a vida incendeia,
vagalume que tremeluz na noite
fria e de cuja fosforescência ressalta
o sorriso das crianças!
O concreto é
ser avião, cujas asas de ferro imitam
o pássaro de fogo de cuja gaiola dourada
se liberta a vontade de ir ao infinito,
sem temores, nem cedências!
O concreto é
caminhar pelos carreiros que o formigueiro
des (...)