Tela by "W. Kandinsky" (imagem obtida na net) Destoutra arte de ser Nada sei, Nada sou, E escrevo nos silêncios as palavras malditas, Como se sangrasse As lágrimas e o suor em bagas. Do acaso nasci e, por acaso, Encontrei nas veredas Os lagartos verdes E os besouros, Que sibilaram, sem tréguas, O zumbido das dores Caladas. Onde irei, se os passos me levarem Adiante? Na verdade, que mal sei ou desconfio, Distingo sombras e negrumes, Onde arvoro farrapos de sonhos E esconjuro (...)
Perco-me,
andarilho da interogação,
pelos caminhos calcorreados da dúvida,
a questionar razões
e a confrontar motivos.
Fecho os olhos para ver mais claro
o véu que separa a luz da sombra,
a verdade da mentira,
a razão da loucura,
definindo as ténues fronteiras do ser
integral.
Todas as perguntas são possíveis!
Todas as interrogações são necessárias!
As respostas, essas,
serão portas abertas à espera
do amanhã
incessantemente questionado!
b (...)
Quem és tu?
A imagem que o espelho frio
reflecte
e tem olhos fundos de ver
para além da espessura
enquanto se derrama
entre a abstracção e o enfado?
A sombra desenhada no alcatrão
negro e impenetrável
pelo sol inacessível,
que vai pontapeando
pedras soltas
como se chutasse o medo?
O vagabundo que trauteia
canções de embalar
nas ruas desertas
convencido de que o luar é
a vela na mesa posta
para um jantar sem data?
(...)
Quem és tu? Um sorriso solto no arco-íris? Uma nuvem desgarrada na via láctea? Um reflexo de luz na maré vazia e calma? Quem és tu? Um sopro de aragem na quietude sombria? Um grito mudo na culpa teimosa? Um soco do acaso na trincheira da vida? És tu o silêncio que fala? A saudade que investe? A loucura que teima Soltar amarras e dizer: olá!? És tu, certeira e vigorosa, A (...)